Nas ruas
18/10/2009

Violência e drama do vício chegam à classe média

Flávia Martins y Miguel e Luis Kawaguti
do Agora

Depois de ser por muito tempo classificado como uma droga de moradores de rua e de membros de classes sociais menos favorecidas, o crack chegou à classe média e hoje é usado por todo tipo de pessoa, segundo a polícia.

  • Veja na edição impressa do Agora, nas bancas neste domingo, 18 de outubro, o mapa do crack, das plantações de coca ao usuário final
  • Assine o Agora

A porta de entrada do crack na classe média foi a busca de um entorpecente que pudesse substituir as drogas injetáveis, por causa da má qualidade da cocaína e do risco de contágio pela Aids e por outras doenças, como a hepatite, de acordo com o delegado Reinaldo Corrêa, do Denarc (departamento de narcóticos).

Contudo, o que começa como um uso recreativo pode se transformar em dependência e acabar em tragédia.

Raquel Oliveira de Mello, 22 anos, nasceu de um relacionamento de um homem de família abastada e uma empregada doméstica. Perdeu o pai --morto de câncer-- logo depois de completar um ano de vida e foi abandonada pela mãe em seguida.

Foi então adotada pelo tio, um engenheiro bem sucedido, que a criou com o mesmo carinho que dedicava às suas duas filhas biológicas.

"A mãe nunca fez nada por ela. Não participou da vida dela", contou a tia.

Estudiosa e boa aluna, em 2005 Raquel ingressou na Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) no curso de fisioterapia. Foi nessa época que a família decidiu se mudar para um condomínio de luxo em Indaiatuba (98 km de São Paulo), e a universitária acabou optando por morar sozinha em um apartamento deixado de herança pelo pai na Bela Vista (região central da capital).

Foi nessa época que a polícia suspeita que tinha começado seu envolvimento com as drogas. Descontente, Raquel abandonou a faculdade naquele mesmo ano para ingressar em um curso de artes na Escola Panamericana. A nova tentativa durou só um semestre, e a jovem passou a viver sem nenhuma ocupação longe dos pais adotivos.

Segundo investigações do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Raquel passou a usar crack e a namorar um rapaz que também usava a droga.

A jovem fez amizade com prostitutas da rua Augusta (centro de SP) e, no último dia 1º de outubro, foi com uma delas ao hotel Love Story, na Aclimação (zona sul de SP), às 15h, para usar o entorpecente, segundo a polícia. Cerca de duas horas depois, só a prostituta saiu do quarto.

Quando a diária venceu, uma camareira achou Raquel assassinada sobre a cama do quarto. Ela havia sido decapitada. O DHPP acredita que as duas brigaram por causa do crack e que Raquel foi assassinada pela outra mulher.

Quatro dias depois, a prostituta foi presa vendendo drogas na Bela Vista. Para ligá-la ao assassinato, a polícia usou imagens das câmeras de segurança do hotel. O DHPP foi à casa da suspeita e achou uma coleção de filmes de terror com cenas de mutilação de corpos.

O departamento descobriu também que um ex-namorado da suspeita foi morto a facadas e quase teve a cabeça arrancada em 2007. A polícia investiga agora se foi a própria prostituta que matou o ex-namorado.

A família de Raquel diz não ter notado qualquer indício de que a garota estivesse usando crack. A tia, que afirmou ser visitada frequentemente por Raquel, disse que não percebeu nenhum sinal de mudança no comportamento dela. "Somente após o crime tivemos essa informação. O que levaria uma pessoa do nível dela a ser encontrada assim? Só poderia ser isso [o uso do crack]."

Em um site de relacionamento da internet, fotos de Raquel com seu visual moderno mostram uma jovem de espírito contestador. Mais de 2.000 mensagens de despedida foram escritas por amigos.

100 Serviços

Índice

PUBLICIDADE

22/03/2019

Casos de dengue triplicam na capital

Manchete da edição nº1 falava sobre investigação aberta contra Maluf, agora preso

Empresário é morto em tentativa de roubo no ABC

Serviço funerário é o pior da prefeitura, diz Bruno Covas

Represas em SP terão plano de ação para emergências

Em 20 anos, as lentes dos fotógrafos do Agora registraram a história

Agora completa 20 anos a serviço do leitor

Agora é campeão de vendas nas bancas do estado de São Paulo

Celebridades e figuras públicas parabenizam os 20 anos do Agora

Agora, 20 anos

Enxurrada mata mãe e filha em Bauru

21/03/2019

Café da manhã saudável deve ser a principal refeição

Remoção de grafite em prédio gera polêmica em São Paulo

Síndico deve se precaver caso o condomínio alagar

Gestão Doria demite 3 por carne de frigorífico interditado na merenda

Falta de informação prejudica visita ao Memorial da América Latina

Crianças de escolas públicas são barradas em shopping de elite em SP

Dengue se espalha no interior de SP; Bauru é a cidade com mais mortes

Total de mortes nas chuvas de verão aumenta em São Paulo

Falso médico é preso em Guarulhos por aplicar silicone industrial

Casal afunda em buraco no piso da própria casa em SP

Dupla usava site de vendas para aplicar golpes na capital paulista

Governo de SP usa carne de frigorífico interditado na merenda escolar

20/03/2019

Com ajuda de cão, PM apreende mais de 300 kg de drogas em Paraisópolis

Barrar agressores de tirar OAB é positivo, dizem especialistas

Covas quer conceder por R$ 1,1 milhão por 35 anos parque criado em 2016

Ibirapuera ganha ovo gigante

Santo André tem dois casos de feminicídio em sete horas

Terceiro suspeito é detido e vai para a Fundação Casa

Covas quer dar anistia para os imóveis irregulares em SP

Alerta do Waze para áreas de crimes irrita moradores

19/03/2019

Bando rouba mercadoria apreendida pela prefeitura

Vítimas das enchentes ainda estão contando os estragos

PSDB fica na fila e consegue barrar criação da CPI da Dersa

Raul Brasil volta a receber alunos hoje após massacre

17/03/2019

Falta de informação prejudica visita ao complexo cultural

Memorial completa 30 anos com desafio de atrair público

Síndico deve se precaver contra alagamentos

Escola alvo de massacre é reaberta para professores

Meningite bacteriana é o tipo mais perigoso e pode até matar

16/03/2019

Polícia atendeu 69 ligações sobre massacre em Suzano

Após 4 meses, viaduto da marginal Pinheiros é liberado

ONG faz apelo para artista britânico grafitar a unidade

Polícia de SP apura sumiço de 600 kg de droga trocados por cal e madeira em delegacia

Congonhas ganha fila no desembarque

Justiça condena madrasta e pai pela morte de Bernardo

Bairros alagados demoraram 100 dias para limpar córrego

Terceiro suspeito de ataque é liberado após ser ouvido

15/03/2019

Escoteiros prestam homenagem a Samuel em cemitério de Suzano

Oito vítimas ainda seguem internadas, três delas na UTI

Mais notícias: 1 2 3 4 5 Próximo

De que você precisa?

Copyright Agora. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).